quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Martin Margiela

Martin Margiela é o estilista do estilismo, considerado ‘’o rei do desconstrutivismo’’, suas roupas são essencialmente roupa sobre roupas. Sujeito excêntrico, que nasceu para contrariar, desenvolve peças feitas dos materiais mais inusitados, explora a estética do gosto duvidoso e do ‘’clean’’ com maestria e questiona aspectos como a industrialização e os processos da moda mesclando referências da alta costura com a comercialização massificada.



Nascido em 09 de Abril de 1959 em Limburgo, na Bélgica, estudou na Academia Real da Antuérpia e fez parte da primeira geração de talentos a emergir desta cidade. Excelente alfaiate, entre 1984 e 1987 foi assistente de Jean Paul Gaultier e em 1988 Martin Margiela e Jenny Meirens fundaram a Maison Martin Margiela.



No mesmo ano, apresentou sua primeira coleção de vestuário feminino para primavera-verão em 1989, escandalizando o mundo ‘’fashion’’. Costuras aparentes nas roupas, saias que mais pareciam um saco de batatas, um vestido de baile transformado em várias jaquetas. O estilo foi radicalmente uma nova linguagem visual, com silhueta longa contundentemente de ombros estreitos e diametricamente oposta ao forte-vestir de 1980.



Evitando o culto da personalidade cultivado por todos os estilistas, Margiela tem cultivado o culto da impersonalidade, continuando a desconstruir as convenções da indústria da moda. Cedo em sua carreira, ele tomou a empática decisão de se retirar como figura pública e deixar que sua moda falasse por si própria. Ele acredita que sua reclusão garante a manutenção de sua liberdade criativa. Margiela não permite ser fotografado, nem concede entrevistas pessoalmente ou como indivíduo e não aprece no final de seus desfiles. A Maison Martin Margiela responde as entrevistas e questões todas via fax, uma esperta reação contra a fama que foi denominada a ‘’cena fashion’’ de 1980 e 1990. Todas as entrevistas são constantemente dadas na primeira pessoa do plural ’’nós’’.



As etiquetas de suas roupas no seu vestuário permanecem em branco, como linha principal da coleção feminina, ou contém simplesmente um número (o 6 para linha básica feminina e o 10 para a masculina), costuradas a mão com grandes pespontos brancos nas quatro extremidades.



Martim Margiela é verdadeiramente um estilista de roupas que falam por si, o que fez sua nomeação como estilista-chefe para o vestuário feminino da Maison Hermes em 1997, afastando-se em 2003 para dedicar-se exclusivamente à sua marca.

Em 2000, abriu a primeira Maison em Tóquio e, em 2002 foi de vez de Bruxelas a Paris. Cada uma das Maisons contém a coleção completa dos produtos Margiela, incluindo os calçados (denominados pelo número 22), publicações e objetos (denominados pelo número 13).



Margiela participou também de inúmeras exposições, incluindo a Radical Fashion no Victoria Albert Museum de Londres em 2001 e em 2009 uma exibição no Momu Museu de Moda da Antuérpia para celebrar seus vinte anos de carreira.



Atualmente não comanda mais sua Maison, despediu-se dos trabalhos no final de 2009.



‘’ There should be as little philosophing as possible. The head, when used in support of the heart and an informed sense of good, will rarely lead astray.’’ Martin Margiela

 

‘’Podia ser o menos filosófico possível. A Cabeça, quando usada em apoio com o coração e o informado bom senso, vai raramente te levar a um caminho errado.’’ Martin Margiela

MARTIN MARGIELA: A FACE OCULTA DA MODA
A foto faz parte de uma matéria, de um jornal belga, de 03 de março de 1983.
Umas das únicas foto do estilista até então divulgada.
Retirada do site Globo, da coluna escrita por Lula Rodrigues.



A Maison Martin Margiela foi criada em Paris em 1988 na Rua Saint Maur, número 163.



Comunicam-se exclusivamente na primeira pessoa do plural ‘’nós’’, para Margiela o importante é focar no time de trabalho. Enquanto Margiela ainda estava no comando da Maison, eram de 16 nacionalidades os criadores que trabalhavam em conjunto formando seu time. Para ele, é importante o respeito com os criadores que desejam o anonimato. ‘’A única coisa que nós desejamos para empurrar para vanguarda a nossa moda’’ Martin Margiela.



Uma das mais marcantes características da Maison é o uso consciente do branco, ou melhor falando, o uso de todos os tons de branco, desde o interior dos escritórios até as lojas e ‘’showrooms’’, incluindo paredes, pisos, cabides e acessórios. O branco representa diretamente a fragilidade e a passagem do tempo.



A preferência por partilhar todos os tons de branco está no decorrer dos anos, claramente visível na Maison, empregando o uso de casacos brancos como uniforme para os funcionários da Maison.



A Maison Martin Margiela intencionalmente vive atrás dos traços de que o sistema descreveria como fora de moda. Para eles este é um indispensável elemento.



A Maison oferece varias coleções femininas e até coleções artesanais. Desde 1998, a Maison também inclui quatro coleções masculinas.



A etiqueta da principal coleção usa o branco plano como marca, sem nenhum texto e as costuras são feitas com pespontos brancos. As outras coleções, do qual existem doze, são identificadas por um número circulado. Estas etiquetas brancas, livre de qualquer escrito, não têm obvia função e é a princípio, um acordo com os princípios de marketing, aparentemente completamente redundante e inútil. Esta decisão que renomeia anônimos é diretamente traduzida na atual etiqueta das roupas que levam o nome dele, um elemento de crucial importância para os designers de moda, certificando a autenticidade de suas roupas, mas para Margiela se traduz em anonimato, pois ele não assinava suas roupas. De qualquer forma, essas etiquetas brancas de pespontos nas extremidades são imediatamente reconhecidas, e o que pode parecer um erro de manufatura, tem a função de fazer a marca mais forte. Em fim, a marca prova ser superlativa usa-se de uma ferramenta de marketing com alta força.



A estratégia incógnita da Maison Martin Margiela é sempre seguida em todas as coleções.



Os modelos são feitos anônimos por terem suas caras cobertas, maquiadas ou com cabelos cobrindo os olhos ou a face toda, com isso protegendo suas identidades. Nos livros onde os looks da Maison aparecem, uma tarja preta é desenhada em cima dos olhos dos modelos. Ultimamente, o incógnito motiva e traduz também na mais abstrata maneira, a estratégia de cobrir os objetos, roupas e acessórios. Os móveis das lojas e escritórios são cobertos com algodão branco, este estilo e cor vêm representar nesse sentido a abstração. Além disso, roupas, acessórios, carteiras e sapatos são embalados em um pano de algodão branco ou cobertos com fita tape.



Renzo Rosso, proprietário da Diesel, comprou a marca Martin Margiela, em 2002, e declarou que não estava apenas investindo numa empresa de moda, como fazem os outros conglomerados. Ele estava apostando no poder criativo de Margiela.

O site da Maison Margiela é tão underground quanto seu trabalho, possui um ‘’layout’’ inspirado em interfaces do DOS e Windows 95 misturado á ‘’pop ups’’ com propagandas do como: “Find your soulmate here!” e imagens populares de Internet. A estética é alheia á tendências e modismos gráficos da web, ironiza a necessidade de superação criativa, a inovação constante do design e o dinamismo da Internet. O aspecto simples (e um tanto estranho) do site, traduz o conceito e estética da marca que transpira design e criação e tem a ousadia de desmascarar qualquer tendência passageira provando que o underground é para quem sempre foi.



Atualmente as Maisons Martin Margiela estão localizadas nos seguintes paises: Bélgica, França, China, Japão, Alemanha, Itália, Coréia, Rússia, Emirados Árabes, Estados Unidos da América e Inglaterra.

Em 2009 O MOMU Museu de moda da Antuérpia fez uma exibição em comemoração aos 20 anos da Maison e eu tive a oportunidade de visitar. É fantástica!!!! Vale a pena!!!! Em 03 Junho deste ano foi para a Somerset House em Londres e acontece até 05 de Setembro. Quem tiver a oportunidade de dar um pulinho em Londres.....realmente vale a pena!!!! A mostra reúne as principais peças do estilista, instalações, fotos, roupas, acessórios, sapatos...tudo sobre as duas décadas de trabalho do rei do desconstrutivismo!





















Fotos: Fevereiro/2009 Juliana Geisel
Texto: Juliana Geisel

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