sábado, 23 de fevereiro de 2013

O figurino de Anna Karenina



A beleza de uma traição

   Anna Karenina, dirigido por Joe Wright, é a mais recente adaptação para o cinema do romance clássico do russo Liev Tolstói. Trata-se da história da uma bela aristocrata russa, vivida por Keyra Knightley, casada, rica e mãe de família, que se apaixona loucamente pelo jovem oficial Vronsky (Aaron Johnson). O marido traído, Alexei Karenin (Jude Law), vinga-se pressionando a esposa e a proibindo de ver o filho. 
  A heroína, que já foi interpretada por divas do cinema como Greta Garbo e Vivien Leigh, segue imortal. Na nova adaptação as cenas internas acontecem em um palco, dando um ar teatral à trama. Os figurinos chamam bastante a atenção. A figurinista é Jacqueline Durran, que já trabalhou com o mesmo diretor e a mesma atriz nos filmes "Orgulho e Preconceito" e "Desejo e Reparação". Em "Ana Karênina", seus figurinos são igualmente impecáveis e inesquecíveis. O diretor sugeriu que ela não seguisse à risca a moda da época em que se passa a história, a fim de dar um ar mais contemporâneo aos trajes. Assim, ela mesclou a indumentária da década de 1870 com referências à silhueta dos anos de 1950 - marcada por estilistas como Christian Dior e Balenciaga. O resultado é um glamour nada falso - até porque a moda na década de 50 inspirava-se assumidamente no século XIX. 
   O luxo e a ostentação da Rússia Czarista transparece na elegância dos vestidos e na imponência das jóias, principalmente da protagonista. Cada minúcia foi perfeitamente executada, mesmo nos acessórios, como os chapéus e adereços de cabeça. O resultado é uma festa para os olhos. Afinal, o que torna o figurino de um filme excelente não é apenas acuidade histórica, mas o encantamento que ele provoca no expectador. Nota-se o cuidado da figurinista em cenas onde se podem ver as peças íntimas, aquilo que o vestido esconde e que é executado com igual zelo. 
    Além dos trajes femininos, destaque para as impecáveis fardas militares, incluindo as de gala. E as roupas dos aristocratas, nas quais a sobriedade do preto é rompida por finos bordados.
   Em suma, trata-se de um romance imortal que ganhou uma roupagem estonteante. Para mim, parece uma boa aposta para levar o Oscar da categoria esse ano.









Texto: Laura Ferrazza de Lima

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